domingo, 30 de maio de 2010

:O Uahhh



Aiii agora estou exausta!!!
Estava nos preparativos pra festa de 2 anos do meu sobrinho Pedro Henrique, vulgo "Pêpe" rsrs...
E era balão q não acabava mais, ainda bem q o pai tem aquela maquininha de enxer, mas o barulho é infernal.
Exausta porque acordei cedo pra ver o treino da F1 hehe,e também pra colocar ordem na casa... droga e não marquei nenhum pontinho no campeonato da f1 e ainda cai uma posição e estou em 5º lugar! ¬¬ aff
Mas já passam das 2 da madrugada e eu ainda estou aqui enxendo o blog de caracteres, com vontade de escrever e o sono pegando e meu subconsciente dizendo "Vai dormir Luanaaa"!!! Meus olhos estão começando a pesar agora, e vou querer acordar pra ver o gp da Turquia *.* vai ser dificil acordar...mas estarei lá como sempre estive. Ouvindo a narração e o secômetro do galvão secando Deus e o mundo, e torcendo para que o alonsinho vá no muro (bleh).
Mas é isso pessoal, eu vou me retirando, como diz minha vó: "vou me recostar no meu aposento" (rsrs)
Um beijo à todos e um bom final de semana!!!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pertencer



Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.

Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer.
Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.


Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino.

A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.


Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre.
Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma.
E preciso de mais do que isso.


Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.

Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer.

O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço.
Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes.
E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.


Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.

Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.

No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado.
Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.

Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe.
Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.


A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo.
E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!

Clarice Lispector.