segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Senhorita Liberdade


Seria mais fácil se ela não tivesse suspirado tão forte, e deixado escapar tanta tristeza. Aquilo deixou tudo em evidência, ele percebeu. Era o fim dos dois, e o começo dela. Dessa vez, a cinderela ficaria além da meia noite – muito além. O último abraço foi tão difícil quanto o primeiro; não sentir nunca mais aquele perfume tão de perto parecia tão amedrontador quando senti-lo para sempre. Ela arriscou.

Enquanto ela o deixava para trás, sentia o assopro da liberdade. Aquele vento que ao mesmo tempo a fazia protagonista de um filme americano qualquer, a fazia tremer de frio – era medo - desesperadamente. Era uma extrema vontade de voar céu acima, com um medo de cair no chão inferno abaixo. Seja como for, já estava feito. Ela sobreviveria à falta de oxigênio e ao calor, ela era forte. Uma garota em busca da felicidade.

Atravessar a rua nunca foi tão difícil. Eu diria que naquele momento, ela era uma placa de transito, daquelas que todos os motoristas são obrigados a olhar: Não vire, não ande rápido, não bata. Ela tinha acabado de cometer um acidente, e ao mesmo tempo de salvar uma vida. A sua.

By Bruna Vieira

Nenhum comentário:

Postar um comentário